terça-feira, 5 de novembro de 2013


Hacker, Crakers, e decifradores de códigos complexos. Discriminados, ou idolatrados. Independente da nomenclatura usada, a maioria não sabe precisar exatamente o que é um Hacker.

A definição original de Hacker, era a de ‘’ um programador de computadores, o qual poderia resolver qualquer problema rapidamente de modo inovador e utilizando meios não convencionais’’. No entanto com o importante crescimento das redes informativas, econômicas e sociais, essa definição foi sendo modificada.

De acordo com o sociólogo Manuel Castells, as quatro camadas estruturais da Internet, os tecnomeritocrática, que são os cientistas, os Hackers, a comunitária virtual, e a empresarial, explicam a ideologia de liberdade e ampla disseminação no meio digital. Por tanto iniciar culpando os idealizadores da internet seria um erro, uma vez que a cultura da criação, teria moldado seu crescimento e a contracultura, possui grande participação na cybercultura. Com o incentivo nos movimentos sociais, busca a distribuição do poder e liberdade nos acessos às informações. Tornando parte da representação na teoria dos Hacker, os quais idealizavam a liberdade de informação e traziam prejuízos para a acumulação e lucratividade das corporações. Pois, eles utilizavam o compartilhamento de códigos, levando em consideração a matriz do pensamento Hacker, a qual ‘’está enraizada na ideia de que as informações, inclusive o conhecimento, não devem ser propriedade de ninguém, e, mesmo se forem, a cópia de informações não agride ninguém dada a natureza intangível dos dados’’.

Steven Levy, escreveu  em 1984, o clássico da cultura Hacker chamado Hackers: Heroes of the Computer Revolution “Acesso aos computadores… deve ser ilimitado e total... Todas as informações deveriam ser livres .. Hackers desconfiam das autoridades e promovem a descentralização... Hackers devem ser julgados por seus ‘hackeamentos’ e não por outros critérios, tais como escolaridade, idade, raça ou posição social... Você pode criar arte e beleza em um computador... Os computadores podem mudar sua vida para melhor” (Levy, 2001, pp. 27-33).

No entanto a antropóloga Gabriella Coleman, demonstra bem a contradição que acompanha as representações dos hackers: ‘’Ora são apresentados como jovens insanos envolvidos em atividades de intrusão em ambientes protegidos, ora são vistos como visionários tecnológicos utópicos cujo estilo de vida teria um grande potencial de perturbar as patologias do capitalismo e da modernidade em geral’’.

Mostrado assim, que um Hacker, envolve mais que a engenharia comportamental. Visto que estão envolvidos em suas comunidades particulares, as quais desenvolvem programas de computador com código-fonte aberto e com licenças de propriedade, que permitem copiar, utilizar, estudar, e até mesmo complementar, distribuir, compartilhar melhorias e as mudanças nos software. 


O combustível de um Hacker para o pesquisador finlandês Pekka Himanen, é a paixão de superar um desafio, aparentemente impossível. Por isso, ao supera-lo compartilha seu aprendizado com sua comunidade particular, disseminando seu conhecimento.


Como de acordo com Raymond, o qual acredita que o lema para as comunidades hackers é  “libere cedo, libere frequentemente”, pois assim conquistarão mais aliados e promoverão grandes alianças de conhecimento e inteligência coletiva. 

Alexandre Galloway, criticando sobre a ética usada por alguns Hackers. Exemplificou sobre Kevin Mitnick, considerado “cracker” por muitos ou simplesmente um “engenheiro social, devido às suas motivações, admite que o código tenha uma prioridade maior do que qualquer motivação comercial”.

Apesar, do modo que os Hackers eram vistos, pela mass media, o atentado de 11 de setembro, provocou grandes mudanças nos conceitos sobre os Hackers. Para Sandor Vegh os hackers eram apresentados como criminosos comuns e a partir disso passaram a ser noticiados como ciberterroristas. Alem disso, Vegh constatou que o sensacionalismo norte-americano foi utilizando para criticar os Hackers, uma vez que uma das principais consequências causadas por eles, tem sido a abertura de caminho para a aprovação de leis e regulamentos que limitam o cyberativismo e o hacktivismo.
Por fim,  Galloway, acredita que o objetivo do Hacker não é destruir a tecnologia, e desiludi-la, mas explorar todas as formas e ir alem do que ela pode oferecer para cada usuário. De maneira que o verbo ‘’hackerar’’ seja compreendido como ‘’ reconfigurador’’ e ‘’explorador’’ de novas características e ferramentas da Internet.

Texto de: Amanda Oliveira

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