terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Moratória da Soja

    Considerado como uma das maiores vitórias do Greenpeace no Brasil, a Moratória da Soja, acordo que foi estabelecido em 2006 e que está em vigor até hoje, conseguiu diminuir o desmatamento na Amazônia, com a ajuda da internet.  

    Através de uma investigação, feita pela Greenpeace, sobre a expansão da indústria da soja no Brasil, houve a descoberta de que multinacionais norte-americanas estavam envolvidas com o desmatamento na região amazônica, causado pela plantação de soja. As multinacionais Archer Daniels Midland (ADM), Bunge e Cargill, empresas que juntas controlavam 60% de todo o financiamento da produção de soja no país, eram responsáveis por financiar a abertura de estradas em áreas de floresta, e pela construção de portos e silos.
    Além disso, compravam a soja produzida em fazendas envolvidas com grilagem de terras. Essas empresas forneciam aos produtores de soja crédito fácil e mercado garantido, dando incentivos e recursos, como sementes e fertilizantes, para que eles comprassem e desmatassem grandes extensões de terra. A grande maioria desta soja era exportada para a Europa, para ser comercializada como ração animal, usada em produtos como o Chicken McNuggets do McDonald’s.

Foto aérea do monitoramento da Amazônia

    Após intensa campanha do Greenpeace no Brasil e na Europa, com a publicação do relatório “Comendo a Amazônia”, que foi divulgado na internet detalhando os impactos negativos da expansão da soja na floresta amazônica, a indústria de grãos brasileira, junto com empresas da indústria de alimentos na Europa (Carrefour, McDonald´s Europe, Marks and Spencer, ASDA, Nutreco, Ritter Sport) realizaram um acordo, decretando a moratória, com o objetivo de "não comercializar a soja da safra que será plantada a partir de outubro de 2006, oriunda de áreas que forem desflorestadas dentro do Bioma Amazônico, após a data do presente comunicado". O compromisso foi anunciado em 24 de julho de 2006.
    A moratória tem o compromisso de elaborar e implementar um sistema efetivo de mapeamento e monitoramento do Bioma Amazônico, desenvolver estratégias para encorajar e sensibilizar os sojicultores a atenderem o disposto no Código Florestal Brasileiro e trabalhar em conjunto com outros setores interessados para desenvolver novas regras de como operar no Bioma Amazônico.
    O monitoramento na Amazônia comprovou que a moratória contribuiu para a queda do desmatamento, não apenas na Amazônia. O Mato Grosso, maior estado produtor de soja no Brasil, apresentou uma redução de 40% no índice de desmatamento entre agosto de 2006, quando a moratória foi anunciada, e maio de 2007, comparada com o mesmo período do ano anterior. No Pará, houve uma redução de 41% na área plantada com soja desde o anúncio da moratória, uma queda significativa quando comparada com a média nacional, que foi de 9,3%.
Texto de: Ana Clara Colemonts

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