Através de uma investigação, feita pela Greenpeace, sobre a
expansão da indústria da soja no Brasil, houve a descoberta de que
multinacionais norte-americanas estavam envolvidas com o desmatamento na região
amazônica, causado pela plantação de soja. As multinacionais Archer Daniels Midland
(ADM), Bunge e Cargill, empresas que juntas controlavam 60% de todo o
financiamento da produção de soja no país, eram responsáveis por financiar a
abertura de estradas em áreas de floresta, e pela construção de portos e silos.
Além disso, compravam a soja produzida em fazendas
envolvidas com grilagem de terras. Essas empresas forneciam aos produtores de
soja crédito fácil e mercado garantido, dando incentivos e recursos, como
sementes e fertilizantes, para que eles comprassem e desmatassem grandes extensões
de terra. A grande maioria desta soja era exportada para a Europa, para ser
comercializada como ração animal, usada em produtos como o Chicken McNuggets do
McDonald’s.
Foto aérea do monitoramento da Amazônia
Após intensa campanha do Greenpeace no Brasil e na Europa,
com a publicação do relatório “Comendo a Amazônia”, que foi divulgado na
internet detalhando os impactos negativos da expansão da soja na floresta
amazônica, a indústria de grãos brasileira, junto com empresas da indústria de
alimentos na Europa (Carrefour, McDonald´s Europe, Marks and Spencer, ASDA,
Nutreco, Ritter Sport) realizaram um acordo, decretando a moratória, com o
objetivo de "não comercializar a soja da safra que será plantada a partir
de outubro de 2006, oriunda de áreas que forem desflorestadas dentro do Bioma
Amazônico, após a data do presente comunicado". O compromisso foi
anunciado em 24 de julho de 2006.
A moratória tem o compromisso de elaborar e implementar um
sistema efetivo de mapeamento e monitoramento do Bioma Amazônico, desenvolver
estratégias para encorajar e sensibilizar os sojicultores a atenderem o
disposto no Código Florestal Brasileiro e trabalhar em conjunto com outros
setores interessados para desenvolver novas regras de como operar no Bioma
Amazônico.
O monitoramento na Amazônia comprovou que a moratória
contribuiu para a queda do desmatamento, não apenas na Amazônia. O Mato Grosso,
maior estado produtor de soja no Brasil, apresentou uma redução de 40% no
índice de desmatamento entre agosto de 2006, quando a moratória foi anunciada,
e maio de 2007, comparada com o mesmo período do ano anterior. No Pará, houve
uma redução de 41% na área plantada com soja desde o anúncio da moratória, uma
queda significativa quando comparada com a média nacional, que foi de 9,3%.
Texto de: Ana Clara Colemonts
A Moratória da Soja